quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Não olhe os espinhos, suba

Não olhe os espinhos, suba
 
 

                         Quando Zaqueu subiu na figueira espinhosa – para ver Jesus – creio que ele jamais imaginava ser surpreendido, principalmente, pela forma como tudo aconteceu e mais, pelo próprio Cristo: “– Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa.”- Lc 19:5. Da mesma forma, Jesus não imaginava também ser surpreendido pelas atitudes do publicano. Vejamos, Zaqueu desejava apenas ver Jesus, mas para sua surpresa o Mestre é quem lhe vê e ainda diz que vai dormir em sua casa. A surpresa está no auto-conhecimento de Zaqueu, ele sabia ser um pecador. Assim, como poderia o homem que andava por aí fazendo coisas inacreditáveis como fazer um paralítico andar – Lc 5:17-26, ou um cego ver – Lc 18: 35-41, dormir justamente em sua casa? É notório que Zaqueu não conhecia Jesus de fato, mas sim de ouvir falar. Entretanto, ele acreditava nos comentários e histórias que ouvia, tanto é, que se empenhou em vê-lo.

                              Já a surpresa de Jesus se dá quando, o então chefe dos publicanos lhe diz: “- Olha Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.” – Lc 19:8. Interessante, é que a bíblia não relata uma conversa entre eles antes dessa declaração, então, percebemos que apenas a presença de Jesus foi e é suficiente para mudar toda uma vida. É exatamente esse o efeito da presença de Jesus, a mudança. Zaqueu reconheceu seus erros e tomou a decisão de mudar daquele momento em diante e ainda restituir quatro vezes mais àqueles a quem ele tinha prejudicado. É por isso, que muitas vezes, relutamos em abrir nossas portas para Jesus, pois quando ele chegar, nascerá em nós um desejo tão grande de mudança que mandaremos embora aquele pecadinho de estimação. Aquela pratica que não contamos a ninguém, aqueles pensamentos que insistimos em alimentar quando estamos à sós. Jesus revela sua surpresa quando diz: “- Hoje ouve salvação nesta casa.” – Lc 19:9. E quando Ele chegar em nossa casa, haverá salvação?

                             Mas que salvação é essa que Ele se refere? Jesus está contemplando a santificação de Zaqueu. Depois da chegada e permanência de Jesus em sua casa, sua vida, ele decide santificar-se para Deus, para agradar a Deus. Percebe então que suas práticas abusivas, egoístas e, principalmente abomináveis pelo Senhor, em nada contribuíam para a sua felicidade. Não fosse assim, ele não teria nem pensado em mudar de vida, afinal se estivesse tudo bem, não mudaria, se mudou foi porque havia algo errado. Muitas vezes, nós estamos no erro, sabemos disso, mas de um modo abstrato criamos em nossa mente um pensamento que nos conforta dizendo que está tudo bem, que é normal, que todo mundo faz também, que vamos parar quando bem desejarmos. Mentira! Não vamos parar nunca, ou pelo menos, até sermos impedidos por algo maior que a nossa vontade de errar, como uma doença ou a própria morte.

                          Jesus despede-se de Zaqueu dizendo: “... o Filho do homem veio para buscar e salvar o que estava perdido.” – Lc 19:9. E então sai de sua casa em busca de outra casa, ou de outra pessoa em cima de uma árvore tentando ver se ao longe está a caminho um homem que seja capaz de mudar sua vida para melhor. Um homem que lhe receba como ela é, assim como Ele fez ao publicano. Um homem que lhe mande descer da árvore e se convide para dormir em sua casa, sem se importar se a casa é bonita ou não, com o que terá para comer, se o lençol é macio, se a cama é cheirosa, se o banheiro é dentro de casa... Jesus está à procura de alguém que o queira dentro de sua casa, assim mesmo, como ela é hoje, e não como ela foi ou será outro dia. Neste momento, Ele já está a caminho... venha, vamos procurar as árvores.

              Eduardo Viver

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